Na singela banca de sebo da praça central, uma figura destoava daquele cenário. Era um homem de meia idade, cabelos meio grisalhos cuidadosamente penteados, roupas perfeitamente alinhadas com o frio da estação. A sobriedade do estilo fazia-no parecer um lorde inglês.

Paulo Serra já o tinha visto vagando pelo centro da cidade. Aquele rosto era inconfundível. A expressão séria, impenetrável. Os olhos pareciam enxergar a alma quando fitavam o interlocutor, o que provocava vivo desconforto em quem o encarava. Paulo Serra é meu amigo desde a infância e estava naquela fase de procurar a Iluminação, o Nirvana, o mais alto dos Céus e tudo que tivesse um remoto significado que poderia conduzir a uma centelha disso, para ele era digno de investimento.

Ele já havia saído do seminário diocesano e volta e meia a conversa caía em metafísica. Certa vez eu lhe disse que se estava mesmo interessado em aprender coisas que se dedicasse à leitura. E ele retrucou meio mal educado: “E desde quando a salvação foi escrita por homens"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>