Não foi aquela festa que a torcida esperava. Mas o Brasil conseguiu a segunda vitória nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, que dá a liderança isolada da competição. O magro 1×0 sobre o Equador, ontem, em Manaus, serviu para provar que a seleção não é a potência que se alardeou, mas que, mesmo jogando mal, é superior à grande maioria das seleções sul-americanas.
Era tanta a animação da seleção brasileira antes do jogo que, mesmo antes do árbitro autorizar o início da partida, Ronaldinho partiu que nem um louco para o campo adversário. O ímpeto dos primeiros minutos era calculado: Carlos Alberto Parreira queria pressão na saída de bola dos equatorianos, tentando evitar que a retranca rival surtisse efeito.
Apesar disso, o primeiro arremate a gol foi equatoriano: aos cinco minutos, Carlos Tenório recebeu lançamento e chutou forte, mas Dida defendeu. Mas a imposição técnica brasileira era clara e por isso os Ronaldos eram caçados. Rivaldo resolveu revidar, atingindo Ayoví e a partida ?esquentou? sob as vistas grossas do venezuelano Luís Solorzano.
E na primeira falha equatoriana o Brasil abriu o placar. Aos 12 minutos, De la Cruz errou na saída de jogo, Roberto Carlos cruzou e Ronaldinho dividiu com o zagueiro Espinoza, levando a torcida manauara ao delírio. Com a vantagem, a seleção podia fazer o que Parreira queria: tomar por inteiro o controle do jogo, jogar sem pressa e tentar fazer o resultado.
No ritmo paciente do treinador, o Brasil não criava muitas chances, apesar de dominar a partida. A última oportunidade do primeiro tempo aconteceu aos 44 minutos: Rivaldo e Ronaldo fizeram ótima tabela e Rivaldo obrigou Cevallos a fazer importante defesa.
Os equatorianos começaram a segunda etapa com força. No primeiro lance, Mendez fez Dida se esticar para defender. A seleção parecia adormecida e Roque Júnior chegou a cometer pênalti em Reasco, mas o árbitro não marcou – e ainda deu cartão amarelo para o jogador equatoriano. A torcida começou a vaiar e cobrar alterações, mas mudanças bruscas não são normais no trabalho de Carlos Alberto Parreira.
Renato foi o primeiro a entrar no jogo, no lugar de Emerson. A intenção era equilibrar o meio-campo e, se possível, melhorar a armação. Logo depois, Kaká substituiu Ronaldinho, para delírio das tietes. Mas mesmo com as alterações a seleção continuava mal, cedendo espaços para os equatorianos, que no entanto não chegavam com qualidade.
Era só jogar bola que o Brasil chegava na cara do gol: aos 27 minutos, Kaká lançou Ronaldo, que chutou em cima de Cevallos. No rebote, Rivaldo chutou por cima. E mesmo não jogando bem, a seleção conseguiu istrar a vitória, que dá a liderança das Eliminatórias e marca um número expressivo: venceu todas as dez partidas em que Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho estiveram em campo.
CBF descarta amistoso para 11 de outubro
Manaus – A seleção brasileira só voltará a se reunir em 11 de novembro, em Teresópolis, região serrana do Rio, a fim de dar início à preparação para o jogo com o Peru, dia 16, em Lima, pela terceira rodada das eliminatóriaas do Mundial de 2006. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) praticamente descartou a hipótese de a equipe disputar amistoso em 11 de outubro, data estabelecida pela Fifa para compromissos das seleções.
Como há um acordo entre clubes e entidades dirigentes de futebol, amistosos de seleções nacionais só podem ocorrer na Europa, a não que os treinadores abram mão de convocar atletas em atividades no continente. Além de não ter recebido nenhum convite, a CBF não demonstrou interesse em marcar jogo para outubro.
O que vai ser estudado ainda pela CBF é a possibilidade de a seleção sub-23, a equipe olímpica, aproveitar a data. Dessa forma, poderia ser realizada uma partida no Brasil, com a liberação obrigatória dos atletas que estão disputando o Campeonato Brasileiro. O técnico da sub-23, Ricardo Gomes, já manifestou à comissão técnica da seleção principal a vontade de poder trabalhar o máximo possível com o grupo que disputará o torneio pré-olímpico, em janeiro, no Chile.
“Tudo isso será analisado a partir de segunda-feira, no Rio”, disse o supervisor Américo Faria. “Vamos continuar fazendo o trabalho integrado para ver também o que é melhor para a sub-23.”
