Depender da prefeitura de Curitiba ou de algum órgão vinculado à istração pública municipal como fonte pagadora de serviços ou produtos, definitivamente, não foi um bom negócio neste ano, já que a entrega do que foi contratado não garantiu o pagamento dentro do prazo esperado.
Os relatos de pessoas e empresas que desde o primeiro semestre aguardam para receber os vencimentos atrasados se espalham por diferentes setores, de papelarias a empresas de serviços essenciais e continuados, como saúde, transporte coletivo, manutenção e limpeza pública. Além disso, servidores cobram o acerto de horas extras.
Proprietário da Infodigital órios de Informática e Papelaria, Jefferson Cezar Pereira, que há sete anos abriu a microempresa, viu o seu negócio balançar diante da inadimplência. “Recebendo ou não, preciso pagar os meus fornecedores. O jeito para não aumentar ainda mais o rombo foi desistir da participação em novos pregões para fornecer material para a Secretaria Municipal de Educação, porque pela regra eu tenho que fornecer mesmo sem a quitação dos empenhos anteriores”, explica. “Estamos acostumados a lidar com demora de até 30 ou 40 dias da data combinada, mas já ou o dobro do tempo. Até o início deste mês ligávamos para a prefeitura e não tínhamos nem previsão de quando seria acertado isso”, conta Jefferson. A expectativa é que o pagamento saia na segunda semana de novembro.
Os quatro empenhos vencidos da empresa de Jefferson somam R$ 6 mil, mas a situação se agrava entre prestadoras de serviços com contratos mais longos. De acordo com o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Paraná (Seac-PR), o montante das dívidas da prefeitura com as empresas que realizam o serviço de limpeza pública ultraa R$ 10 milhões. “A preocupação maior é como ficará o fluxo de caixa dessas empresas se esses valores não forem saldados até o final do ano, período que exige um fôlego financeiro ainda maior das organizações, porque envolve pagamentos extras, como o décimo terceiro salário”, aponta o diretor de marketing do Seac, Manoel Ribeiro Júnior.
Juntas, as empresas do setor afetadas pela inadimplência da prefeitura destinam seis mil trabalhadores para serviços continuados de higienização e manutenção de prédios, parques, creches, ruas, praças e postos de saúde. “Buscamos o entendimento com a secretaria de governo, até porque uma eventual paralisação desses serviços afeta diretamente a população de Curitiba e milhares de famílias que possuem suas fontes de renda vinculadas às empresas de asseio e conservação”, acrescenta.
Pelo acompanhamento do sindicato, há empresas que desde julho não recebem os valores devidos pela prefeitura. Sobre novos prazos para saldar a dívida, o diretor do Seac afirma apenas que “existe uma sinalização da secretaria de governo de que o acerto de contas será ainda neste ano”.
A lista de credores do município é extensa. Empresas de transporte coletivo alegam que a Urbs tem atrasado sistematicamente o ree dos pagamentos. A gestora do sistema ite que o problema é causado por falta de dinheiro no caixa. Hospitais filantrópicos – Cajuru, Santa Casa, Pequeno Príncipe e Erasto Gaertner – cobraram na última semana R$ 43,8 milhões em verbas federais relativas aos serviços prestados pelo SUS, que estariam atrasados há mais de 20 dias. A prefeitura promete regularizar a situação até o final desta semana.
Apesar da série de atrasos, por enquanto a Promotoria do Patrimônio do Ministério Publico do Paraná não recebeu qualquer representação relacionada à inadimplência da prefeitura de Curitiba.
